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REPELENTE EXTRAÍDO DO URUCUM

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Desde que Pero Vaz de Caminha descreveu na carta em que cita o descobrimento do Brasil, o uso das sementes de urucum pelos nativos aqui encontrados, que essa planta desperta a atenção de historiadores e cientistas. Citações sobre o uso de extratos dessas sementes como repelente de insetos é encontradas em diferentes períodos de nossa história.

Em 1928, Alfredo Antônio de Almeida publicou o artigo “Estudo das matérias corantes de origem vegetal em uso entre os índios do Brasil e das plantas de que procedem”, onde descreve:

Colhem as sementes de urucú, antes da dehiescencia do fructo, põem-nas a secar delongamente ao sol; pilham-nas de seguida e misturam o pó fino ao oleo de Lambarys, encorpada, ao cabo, a resina de almecega em quantidade suficiente, de jeito a imprimir à massa consistência pastosa.

Os nossos indígenas ... servindo-se principalmente da bixina na enducção e nos desenhos vermelhos em que era usada a massa integral, o arilo inteiro do urucú...Defendiam-se assim contra os mosquitos, ao mesmo tempo em que expandiam em garridice e vaidades.

(ANDRADE, 1928)  

Estudos sobre a propriedade repelente de insetos de extratos de sementes de urucum é fartamente encontrada na literatura científica (VILAR et al., 2014; SHAHID-UL-ISLAM et al., 2015). ARIAS E SCHMEDA-HIRSCHMANN (1992) citam a atividade repelente de extratos de sementes de urucum sobre o mosquito palha (Lutzomyia longipalpis). Segundo os autores, extrato em éter de petróleo de sementes de urucum apresentou uma atividade repelente de aproximadamente 80% sobre os mosquitos palha. Efeito similar ao controle utilizado (N,N-dimetil-meta-toluamida ou DEET).

A atividade repelente sobre o Aedes aegypti foi objeto de estudos de GIOGI et al. (2013) e SANGHONG et al. (2014). Giorgi et al. (2013) citam que extratos hexânicos de sementes de urucum apresentaram os melhores resultados com um fator de repelência entre 75% e 90%. Sanghong et al. (2014) estudando quinze espécies de plantas confirmam a atividade repelente das sementes de urucum ao Aedes aeggypti.

CARVALHO (2016) depositou patente sobre um processo de extração, separação e caracterização de uma fração de sementes de urucum com atividade repelente. Segundo o autor a vantagem desse processo é a obtenção de uma fração concentrada das substâncias com atividade repelente ao Aedes aegypti, a partir das sementes de urucum sem a utilização de solventes orgânicos e sem a presença dos pigmentos carotenoides característicos dessas sementes. A atividade repelente foi confirmada pela avaliação conduzida com fêmeas de mosquitos Aedes aegypti (linhagem Rockefeller) com 2 a 3 dias de idade. Esse estudo indicou uma taxa de proteção superior a 99% por um período de 4 horas.

BIBLIOGRAFIA

 

ANDRADE, A. A. Estudo das matérias corantes de origem vegetal em uso entre os índios do Brasil e das plantas de que procedem. Archivos do Museu Nacional. v. 28, p. 177-184, 1926.

ARIAS, A. R.; SCHMEDA-HIRSCHMANN, G. Feeding Deterrency and insecticidal Effects of Plant Extracts on Lutzomyia longipalpis. Phytotherapy Research. v.6, p. 64-67, 1992.

CARVALHO, A. L. Processo de extração e separação e a caracterização de uma fração de sementes de urucum com atividade de repelência a mosquitos como o Aedes aegypti. Patente BR102016017229-2. Depósito: 25 de Julho de 2016, Concessão: 04 de Outubro de 2022.

GIORGI, A.; DE MARINIS, P.; GRANELLI, G.; CHIESA, L. M.; PANSERI, S. Secondary metabolite profile, antiodidant capacity and mosquito repellent activity of Bixa orellana from brazilian amazon region. J. Chemistry. 2013. 10p.

SANGHONG, R.; JUNKUM, A.; CHOOCHOTE, W.; CHAITHONG, U.; JITPAKDI, A.; RIYONG, D.; PITASAWAT, B. Repellency screening of herbal products against the dengue fever vector, Aedes aegytti (Diptera: Culicidae). Chiang Mai Med J. v. 53, n. 2, p. 53-61, 2014.

SHAHID-UL-ISLAN; RATHER, J. L.; MOHAMMAD, F. Phytochemistry, biological activities and potential of annatto in natural colorant production for industrial applications. A Review. J. of Adv. Res. 2015. http://dx.doi.org/10.1016/j.jare.2015.11.002.  Acessado em 03/02/2016. (12:08).

VILAR, D. A.; VILAR, M. S. A.; MOURA, T. F. A. L.; RAFFIN, F. N.; OLIVEIRA, M. R.; FRANCO, C. F. O.; ATHAYDE-FILHO, P. F.; DINIZ, M. F. F. M.; BARBOSA-FILHO, J. M. Tradicional Uses, Chemical Constituents and Biological Activies of Bixa orellna L.: A Review. The Scientific World Journal. v. 24, 2014. http://dx.doi.org/10.1155/2014/857292. Acessado em 05/02/2016 (20:00).

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